domingo, 14 de maio de 2017

Poema... MÃE - Carlos Drummond de Andrade

Flores colhidas pela Sra Idalina (Mãe do Carlos) de seu jardim.
Para Sempre 



Por que Deus permite

que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento. 
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Autor: Carlos Drummond de Andrade
"Lição de Coisas: poesia". São Paulo: J. Olympio, 1965.

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